No segundo dia de Oficina, o tema abordado foi “Requisitos de Proteção e Conservação (Autenticidade e Integridade)”. Com uma abordagem diferente do dia anterior, a atividade foi iniciada pela apresentação dos estudos já realizados para compor o Dossiê que, como bem frisou Candice Ballester, ainda está em fase de construção.
A professora Conceição Lopes apresentou os seus estudos relacionados ao Patrimônio, a partir das pesquisas da Dra. Rosiane Limaverde. Entre os pontos abordados pela pesquisadora, está a visão de que a Cultura é o elemento identificador da Região e que ela é um componente estrutural do sentimento de ser, atuando como forte elemento diferenciador e identitário, tornando-se um instrumento de empoderamento geográfico.
Conceição Lopes reforçou a tese de que a Fundação Casa Grande, utiliza-se dos conhecimentos sistematizados pela Arqueologia Social Inclusiva e pelo patrimônio cultural para o apontamento de soluções práticas e de caminhos frente aos problemas concretos da comunidade de Nova Olinda, da Chapada do Araripe e do Brasil, e que neste processo, as crianças e jovens são fundamentais na participação da construção dessas soluções. “Eles podem ser usufrutuários do patrimônio na construção do seu percurso de aprendizado geral, na construção de sua vida como cidadãos e, ao longo do encaminhamento de suas vidas, legitimaram-se como guardiões da herança ancestral da região”.
Conforme a doutora, é evidente que os sítios arqueológicos, os equipamentos culturais, a presença de mestres e intelectuais, poetas e músicos, heróis mitológicos, santos e beatas, são atributos fundamentais para a formação das paisagens culturais do território, e como eles dialogam com os aspectos físicos, biológicos, antrópicos, espirituais e religiosos, matéria-prima para a diversidade biocultural da região.
Como campo de estudo, Conceição Lopes enfatizou que a Arqueologia Social Inclusiva (ASI), está consolidada e aceita pela comunidade acadêmica. “A Arqueologia Social Inclusiva que Rosiane teorizou muito bem em uma obra, não é uma invenção. É uma obra que do ponto de vista acadêmico está descortinada e absolutamente validada. Não estamos a fazer nenhuma invenção. A ASI que se faz na Casa Grande, e da Casa Grande irradia para todo o Nordeste, e de todo o Nordeste irradia para todo Brasil e, a partir das salas da Universidade de Coimbra, irradia para toda a comunidade universitária onde quer que esteja, porque a obra está on-line em open access (acesso aberto), frisou Conceição Lopes.
Grupo de Trabalho apresenta resultados
No segundo momento da oficina, o professor Patrício Melo apresentou a equipe de pesquisadores que têm se debruçado sobre a pesquisa e a reunião de informações a respeito do território.
Conforme o professor, o GT se concentrou em acessar, reunir e catalogar um acervo bibliográfico já produzido e disponibilizar de forma mais acessível e organizada por temas. Também foi feita a criação de um site e perfis nas redes sociais para divulgar essas ações e comunicá-las para o público.
Outro aspecto destacado, foi a articulação com instituições que passaram a se comprometer com o tema da candidatura, incluindo este assunto em suas agendas.
Patrício Melo e membros da sua equipe apresentaram a reunião de dados e informações a respeito dos patrimônios presentes no território no seu aspecto natural, incluindo as áreas de proteção, os geossítios e como alguns se relacionam com os mitos da região, a exemplo da Unidade de Conservação do Sítio Fundão, através dos mitos da Mãe d’água e da Pedra da Batateira.
Os pesquisadores também elencaram as festas populares, como a Festa do Pau da Bandeira de Santo Antônio de Barbalha e representações culturais dos grupos da tradição popular, como reisados, lapinhas e bandas cabaçais, que acontecem numa profusão de sentidos envolvidos e que explicam, de certa forma, a ancestralidade do território e sua colonização.
Imagens: TV Casa Grande e SECULT-CE.
Comments