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Writer's pictureChapada Cultural do Araripe

“Chapada Cultural do Araripe tem como base o território e a memória viva do Homem Kariri.

A Mostra Internacional de Patrimônio e Turismo Chapada Cultural do Araripe teve seu encerramento na noite deste domingo, dia 05 de junho.

O evento que reuniu pessoas de vários países do mundo ao longo de três dias no Teatro Violeta Arraes Engenho de Artes Cênicas, em Nova Olinda, teve seu encerramento com a leitura da Carta da Chapada Cultural do Araripe Patrimônio e Turismo, intitulada “O FUTURO É ANCESTRAL” tendo a premissa da Arqueologia Social Inclusiva.

O documento traz um breve resumo das discussões realizadas durante toda a Mostra e uma lista de recomendações para se dar prosseguimento à elaboração do dossiê da candidatura Chapada do Araripe Patrimônio dá Humanidade. Entre essas recomendações, a formalização da solicitação ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) para inscrição na Lista Indicativa Brasileira da proposta de candidatura que seguirá para a Unesco.

O documento reúne ainda o nome de diversas instituições públicas, privadas e do terceiro setor, bem como da sociedade civil, que unidas encampam e apoiam o debate e a elaboração dos estudos que estão sendo reunidos no dossiê.

Durante os três dias da Mostra Internacional palestras, discussões e celebrações artísticas tiveram o objetivo de promover debates sobre patrimônio e turismo de base comunitária, subsidiado por experiências compartilhadas em âmbito internacional e nacional para fortalecer, ampliar e fomentar as redes do território para a sustentabilidade sociocultural, embasada em uma visão social de melhoria da qualidade de vida, demonstrando através do compartilhamento dessas experiências, todo o potencial da Chapada do Araripe como bem que possui atributos de valor universal excepcional que justificam sua candidatura.

Todas essas demonstrações realizadas durante os três dias de evento, agora servem de subsídio para a continuidade da elaboração do projeto da candidatura da Chapada do Araripe - Patrimônio dá Humanidade.

O conselheiro científico da pesquisa dossiê da Chapada do Araripe, Juca Ferreira, destacou que vê em todo esse movimento gerado a partir da proposição dessa candidatura, um dos processos culturais mais importantes que acontece no Brasil na atualidade. A afirmação foi motivada pela observação das colaborações e partilhas de experiências que projetam para o futuro uma condição para um desenvolvimento que possa promover igualdade e a satisfação de necessidades básicas dos moradores das comunidades envolvidas nesse processo. “Digo isso com uma certa tranquilidade. Tenho acompanhado o que está sendo feito no Brasil e eu diria que isso que tá acontecendo aqui é um dos processos culturais mais importantes do Brasil.”

Ministro da cultura por duas vezes, ex-secretário de cultura do município de São Paulo e do Estado de Minas Gerais, Juca Ferreira vislumbra um resultado a longo prazo que poderá beneficiar os habitantes da Chapada do Araripe e do seu entorno.

“Não é uma coisa do imediato, mas é uma coisa que vai implantar numa região uma possibilidade de termos referências de constituição de um desenvolvimento sustentável no futuro. O desenvolvimento sustentável nasceu no universo das políticas ambientais da ideia de proteção do meio ambiente, mas na verdade ultrapassa, e muito, porque um desenvolvimento só é sustentável se garantir as satisfações das necessidades humanas, inclusive as subjetivas, que são as necessidades culturais”, disse Juca Ferreira.

Candice Ballester, Chefe da Divisão de Reconhecimento Internacional de Bens Patrimoniais do IPHAN que, durante os três dias da Mostra Internacional, ministrou oficinas para a elaboração do dossiê da candidatura a partir de elementos já preparados pelo Grupo de Trabalho à frente desse projeto desde a realização do I Seminário Chapada do Araripe, em 2019, reforçou que os trabalhos para a proposição da candidatura devem continuar seguindo passos importantes para a sua consolidação, como o estabelecimento de um cronograma de trabalho para o enfrentamento de novas etapas, como, por exemplo, articulações institucionais mais abrangentes. “No ano que vem nós vamos fazer a inclusão na lista indicativa do país, que tem toda uma mobilização para esse processo no país”, disse Candice, referindo-se a existências de outros bens que também serão demandados para serem incluídos na lista do Iphan que será enviada para Unesco. “[Esta etapa] entra numa estratégia de representatividade nacional”, destacou Candice. “A partir do momento que a lista do Brasil for aprovada é que começa oficialmente o processo de candidatura [à Patrimônio] e [outras] mobilizações.

O Secretário de Cultura do Estado do Ceará, Fabiano Piúba, destacou a relação do processo formativo da crianças da Fundação Casa Grande, a partir de elementos como patrimônio cultural, natural e memória e como esse Projeto da Candidatura Chapada do Araripe Patrimônio da Humanidade “traz o poder da memória, o poder do tempo e da natureza do tempo e do tempo da natureza”.

“Estamos construindo nossa própria arte rupestre com esse projeto. Estamos fazendo as nossas inscrições e deixando um pouco de nossas pegadas para esse que a gente tá chamando de Futuro Ancestral”, disse o Secretário, referindo-se ao título da carta lida no encerramento dos trabalhos. “Acho que traduzimos um pouco disso nesses dias, que essa candidatura se propõe para esse futuro ancestral, mas compreendendo essa ancestralidade a partir do presente”.


Projeto como Política Pública

Fabiano Piúba afirmou que o projeto em torno da candidatura da Chapada do Araripe como Patrimônio da Humanidade, compõe uma política pública de cultura, meio ambiente, turismo, ciência e tecnologia. “É um roll de políticas públicas que estamos executando aqui. Não é só o Estado que faz política pública (numa perspectiva de União, Estado e Municípios), mas a sociedade civil é promotora e realizadora de políticas públicas também”, conclui Fabiano Piúba.


Escola de Formação

O criador da Fundação Casa Grande, Alemberg Quindins, lembrou que a instituição é uma escola da formação da infância do Cariri, onde as crianças têm a oportunidade de aprenderem sobre a toda a estruturação da Fundação e como fazer um evento na prática “É uma oportunidade dessa meninada aprender fotografia, filmagem, o ritual dos eventos, a recepção... A Casa Grande é uma instituição que procura trazer esses eventos pra cá para esses meninos aprenderem na prática. Vocês estarem aqui (referindo-se ao público) dão a eles a oportunidade de exercitarem de fazer um seminário como esse. É uma escola da formação da infância do Cariri com essa pauta de Patrimônio da Humanidade”, disse Alemberg.

Imagens: TV Casa Grande.







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